História da Cidade
Datas Históricas
Desmembrado de Barbacena e elevado à categoria de município em 31/05/1850.
Instalado em 07/04/1853. Data da comemoração: 31/05.
Padroeiro: Santo Antônio (13/06).
Desmembrado de Barbacena e elevado à categoria de município em 31/05/1850.
Instalado em 07/04/1853. Data da comemoração: 31/05.
Padroeiro: Santo Antônio (13/06).
Origem histórica de Juiz de Fora
O período de maior crescimento de cidades, em toda a História do Brasil, corresponde à mineração aurífera em Minas Gerais, no início do século XVIII. Antes, era difícil a criação de uma rede urbana, pois havia restrito comércio colonial, uma pequena vida cultural e grandes dificuldades de comunicação e transporte entre as pessoas.
Por volta do ano de 1703, foi construída uma estrada chamada Caminho Novo. Esta ligava a região das minas ao Rio de Janeiro, facilitando o transporte do ouro extraído. Assim, a Coroa Portuguesa tentava evitar que o ouro fosse contrabandeado e transportado por outros caminhos, sem o pagamento dos altos tributos, que incidiam sobre toda extração.
O Caminho Novo passava pela Zona da Mata Mineira e, desta forma, permitiu maior circulação de pessoas pela região, que, anteriormente, era formada de mata fechada, habitada por poucos índios das tribos Coroados e Puris.
Às suas margens surgiram diversos postos oficiais de registro e fiscalização de ouro, que era transportado em lombos de mulas, dando origem às cidades de Barbacena e Matias Barbosa. Outros pequenos povoados foram surgindo em função de hospedarias e armazéns, ao longo do caminho, como o Santo Antônio do Paraibuna, que daria origem, posteriormente, à cidade de Juiz de Fora.
Nesta época, o Império passa a distribuir terras na região, para pessoas de origem nobre, denominada sesmarias, facilitando o povoamento e a formação de fazendas que, mais tarde, se especializariam na produção de café. Em 1853, a Vila de Santo Antônio do Paraibuna é elevada à categoria de cidade e, em 1865, ganha o nome de cidade do Juiz de Fora.
Origem do nome Juiz de ForaEste nome tão característico - Juiz de Fora - gera muitas dúvidas quanto a sua origem. Na verdade, o Juiz de Fora era um magistrado, do tempo colonial, nomeado pela Coroa Portuguesa, para atuar onde não havia Juiz de Direito.
Alguns estudos indicam que um Juiz de Fora esteve de passagem na região e hospedou-se por algum tempo numa fazenda e que, mais tarde, próximo a ela, surgiria o povoado de Santo Antônio do Paraibuna.
Expansão Cafeeira
A grande expansão cafeeira não foi privilégio do Vale do Rio Paraíba, na Província do Rio de Janeiro. Ela também se expande para regiões próximas, como a Zona da Mata em Minas Gerais, em torno de cidades como Leopoldina, Cataguases, Rio Preto e, principalmente, Santo Antônio do Paraibuna.
A grande expansão cafeeira não foi privilégio do Vale do Rio Paraíba, na Província do Rio de Janeiro. Ela também se expande para regiões próximas, como a Zona da Mata em Minas Gerais, em torno de cidades como Leopoldina, Cataguases, Rio Preto e, principalmente, Santo Antônio do Paraibuna.
Nesta região, a produção cafeeira atingiu também um vasto território, composto de várias fazendas. Nelas trabalhavam um grande número de escravos, uma média de 100 por fazenda. A produção de café utilizava poucas técnicas e, quando os solos se desgastavam, novas matas eram derrubadas e a produção se expandia.
A cafeicultura que floresceu ao redor do Santo Antônio do Paraibuna transformou a Vila no principal núcleo urbano da região. Nela, a produção das fazendas se concentrava para ser transportada e comercializada na Corte, na cidade do Rio de Janeiro. Além de se constituir em local onde se encontravam os variados gêneros de subsistência, possuía, também, funções sociais e culturais, como ponto de encontro das famílias para lazer e diversão.
Estrada União e Indústria
Neste período, ainda na década de 1850, iniciou-se a construção da Estrada União e Indústria, por iniciativa de Mariano Procópio Ferreira Lage. Esta estrada foi construída com objetivos de encurtar a viagem entre a Corte e a Província de Minas, destinando-se ao transporte do café. Neste momento, Juiz de Fora recebeu a primeira leva de imigrantes alemães.
Neste período, ainda na década de 1850, iniciou-se a construção da Estrada União e Indústria, por iniciativa de Mariano Procópio Ferreira Lage. Esta estrada foi construída com objetivos de encurtar a viagem entre a Corte e a Província de Minas, destinando-se ao transporte do café. Neste momento, Juiz de Fora recebeu a primeira leva de imigrantes alemães.
A produção de café na Zona da Mata cresceu muito e Minas Gerais se tornou uma grande província cafeeira. Em 1875, a cidade de Juiz de Fora era a mais próspera entre outras localidades, possuindo a maior quantidade de escravos, sendo seguida por Leopoldina, Mar de Espanha e São Paulo do Muriaé.
Este período de prosperidade não demorou muito a declinar e, já na segunda década do século XX, a cultura do café estava desgastada na Província. Só que esta crise não afeta muito o dinamismo da cidade de Juiz de Fora, que contava já com outras atividades, como a indústria.
Escravidão
Em Minas Gerais, a maior utilização dos escravos foi durante o período minerador. O trabalho exigia uma grande quantidade de mão de obra, pois, para um senhor receber uma pequena porção de terra para extração aurífera, deveria comprovar ter, no mínimo, 12 escravos. O martírio dos escravos durou até o final deste período, quando a extração concentrava-se nas galerias subterrâneas, controlados pelas companhias inglesas.
A escravidão na Zona da Mata mineira só se instalou definitivamente através da expansão cafeeira. Em 1855, na Vila de Santo Antônio do Paraibuna, havia um total de 4 mil escravos para 2.400 homens livres e, em 1872, havia 18.775 escravos para 11.604 livres.
Imprensa
A imprensa de Juiz de Fora era muito ativa. O primeiro impresso, com o nome "O Imparcial", data de 1870. O mais importante do período, "O Pharol", foi publicado entre 1872 e 1939. Este acompanhou diversos momentos históricos e sempre contribuiu para a formação da opinião pública, retratando a atividade cultural da cidade. O dinamismo da imprensa juizforana era tão intenso que, no século XIX, contou com 55 jornais.
Imigração alemã
O governo do Império, a partir de 1850, passou a incentivar a vinda de imigrantes para o Brasil. Seus principais objetivos eram o povoamento de regiões vazias, a valorização das terras que seriam ocupadas pelos imigrantes e a produção de alimentos que pudessem abastecer as lavouras de café.
Em Juiz de Fora, esta política teve reflexos através das iniciativas de Mariano Procópio Ferreira Lage. Este conseguiu empréstimos para a introdução de colonos alemães na cidade. Seu objetivo inicial era conseguir mão de obra especializada para a construção da estrada União e Indústria. Contratou, em 1853, vários técnicos, engenheiros, arquitetos e, após 3 anos, 20 artífices como ferreiros, pintores, latoeiros. O objetivo era criar um núcleo colonial de alemães na cidade, conseguindo apoio para contratar 2 mil colonos. Assim, em 1857, chegaram 1.162 imigrantes alemães, correspondendo a 20% da população total da cidade.
Foram instalados em uma vasta área, correspondendo hoje aos bairros de São Pedro, Borboleta e parte do Fábrica. Foram distribuídos em lotes de terras, encarregados de produzir gêneros alimentícios. A colônia não conseguiu se manter por muito tempo. A ausência de mercado para os produtos plantados se associava à falta de incentivos. Muitas eram as dificuldades com relação à língua, costumes, religião e início das primeiras roças. Assim, muitos colonos foram abandonando suas terras e se fixando na cidade, somando-se àqueles trabalhadores braçais, operários, ligados à Companhia União e Indústria.
Os alemães foram aos poucos se integrando às atividades urbanas, se tornaram carroceiros, sapateiros, marceneiros, operários, pedreiros etc. Deram origem a várias fábricas de cerveja, num total de oito. Os alemães, junto a outras pessoas da cidade, criaram curtumes, fundições e malharias, contribuindo, assim, para o crescimento industrial da cidade.
Breve histórico da cultura em Juiz de Fora
Mais europeia que colonial, Juiz de Fora, cidade do século XIX, em estreita vinculação com o dinamismo do Rio de Janeiro, não participou da cultura colonial mineira. Seu desenvolvimento industrial, pautado pela modernização capitalista, trouxe para a cidade, além de apitos das fábricas e da luz elétrica, o desejo de civilizar-se nos moldes dos centros europeus. Seus teatros, cinemas e intensa atividade literária refletiam a vontade de criar uma nova imagem para a cidade, fugindo à tradição escravista.
Os estudos até agora realizados sobre a vida cultural de Juiz de Fora revelam a existência de várias fases ao longo dos dois últimos séculos. Inicialmente, percebe-se uma cidade mais aberta. A distância dos centros barrocos, somada à prosperidade econômica, atraiu interesses mais variados. Aqui residiam católicos, protestantes, espíritas, maçons, liberais, republicanos, monarquistas... Embora houvesse conflitos entre eles, a cidade se mostrava receptiva ao debate de idéias.
Arquitetura eclética - O estilo eclético das construções permite a integração de várias manifestações arquitetônicas do passado, responsáveis por encontrarmos, na cidade, construções que lembrem castelos medievais, igrejas que imitam o gótico europeu ou a fachada de um templo grego. No final da primeira década do século XX, observa-se também construções em estilo Art Noveau, muito fácil de reconhecer graças ao uso de uma rica decoração nas fachadas das casas, onde predominam as linhas curvas, imitando fitas, flores..., demonstrando a habilidade dos trabalhadores daquele tempo e a riqueza dos moradores.
A Igreja - Na década de 20, aquele ambiente de acirrado debate de ideias se interrompe. Em 1925, a presença da Igreja Católica se tornou mais ostensiva com a criação da Diocese de Juiz de Fora. Para Pedro Nava, por exemplo, a cidade ficou mais severa, mais controladora da maneira de pensar das pessoas.
Nesta época, então, uma elite católica buscava a afirmação de sua identidade. Em Juiz de Fora , organizou-se um movimento de jovens católicos, ligado ao Centro D. Vital do Rio de Janeiro. Esse movimento, mais tarde, daria origem à Faculdade de Filosofia e Letras de Juiz de Fora. Criada nos anos 40, a Faculdade foi responsável por um fecundo debate entre os intelectuais da cidade. Embora presa a uma visão conservadora, não se importando muito com as questões sociais, nela, os filhos de classe média e elite encontraram um ambiente aberto às ideias artísticas.
Estilos Art Deco e Moderno - Nesse período, a "cara" da cidade se revestia de pó de pedra, ou seja, as construções, principalmente do centro comercial, eram influenciadas por um outro estilo arquitetônico: O Art Deco. Buscando uma maior racionalidade, esse estilo reduziu a decoração das fachadas a formas mais retas, mais geométricas. Nas fachadas, ao invés da pintura, se usou muito revestimento de pó de pedra, em tons cinza ou ferrugem.
Mas a grande mudança em nossa arquitetura se deu a partir do centenário da cidade. Começaram a surgir, na década de 50, algumas construções que seguiam concepções modernas, com o emprego de muito vidro, coluna, linha reta: a funcionalidade do prédio para as pessoas que iriam utilizá-lo, era mais importante que a decoração de fachadas. Exemplos deste processo são as obras do arquiteto Niemeyer (projetista do prédio na montagem ao lado, o "Clube Juiz de Fora") e os pintores Di Cavalcanti e Portinari (autor do painel ao fundo da montagem, "As Quatro Estações"). Esses nomes deixaram sua marca na cidade, incentivando os artistas locais a utilizarem uma linguagem moderna.
Dos anos 60 em diante... - No final dos anos 60, mais modificações: o crescimento populacional, urbanização descontrolada, economia baseada na prestação de serviços, o acirramento das questões sociais e o intenso debate político, característico da época. A criação da Universidade Federal de Juiz de Fora, no governo do Presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira, trouxe à cidade uma contribuição fundamental: empregou e atraiu milhares de estudantes, incentivando um maior consumo de bens e de serviços.
O antigo conservadorismo católico, que desde meados da década de 20 dominava a cidade, se desfez. Maior circulação de ideias, possibilitando, inclusive, a resistência cultural por parte do movimento estudantil na década de 70. Nesse momento vários grupos de teatro surgiram, música e poemas multiplicaram-se nos mimeógrafos. O Cine-Clube e a Galeria de Arte Celina permitiram aos jovens o conhecimento de uma arte que falava mais diretamente da liberdade e do "caos" da vida urbana.
Com o aumento da população, a especulação imobiliária, que sempre esteve presente no crescimento da cidade, motivou uma arquitetura "descuidada". Em nome do baixo custo de produção, edificaram-se verdadeiros "caixotes". Os prédios de importância histórica, foram em grande parte destruídos em nome de um progresso questionável, uma vez que a maioria da população dele não participa.
Nos últimos anos, observamos uma preocupação maior com o patrimônio histórico da cidade. Vários prédios importantes foram tombados graças ao envolvimento afetivo da população em defesa do seu passado. Esse cuidado com a nossa memória não está restrito às obras arquitetônicas. Está também presente na preservação de outros vestígios do passado, como os documentos escritos, as fotografias, objetos...
Em Minas Gerais, a maior utilização dos escravos foi durante o período minerador. O trabalho exigia uma grande quantidade de mão de obra, pois, para um senhor receber uma pequena porção de terra para extração aurífera, deveria comprovar ter, no mínimo, 12 escravos. O martírio dos escravos durou até o final deste período, quando a extração concentrava-se nas galerias subterrâneas, controlados pelas companhias inglesas.
A escravidão na Zona da Mata mineira só se instalou definitivamente através da expansão cafeeira. Em 1855, na Vila de Santo Antônio do Paraibuna, havia um total de 4 mil escravos para 2.400 homens livres e, em 1872, havia 18.775 escravos para 11.604 livres.
Imprensa
A imprensa de Juiz de Fora era muito ativa. O primeiro impresso, com o nome "O Imparcial", data de 1870. O mais importante do período, "O Pharol", foi publicado entre 1872 e 1939. Este acompanhou diversos momentos históricos e sempre contribuiu para a formação da opinião pública, retratando a atividade cultural da cidade. O dinamismo da imprensa juizforana era tão intenso que, no século XIX, contou com 55 jornais.
Imigração alemã
Em Juiz de Fora, esta política teve reflexos através das iniciativas de Mariano Procópio Ferreira Lage. Este conseguiu empréstimos para a introdução de colonos alemães na cidade. Seu objetivo inicial era conseguir mão de obra especializada para a construção da estrada União e Indústria. Contratou, em 1853, vários técnicos, engenheiros, arquitetos e, após 3 anos, 20 artífices como ferreiros, pintores, latoeiros. O objetivo era criar um núcleo colonial de alemães na cidade, conseguindo apoio para contratar 2 mil colonos. Assim, em 1857, chegaram 1.162 imigrantes alemães, correspondendo a 20% da população total da cidade.
Foram instalados em uma vasta área, correspondendo hoje aos bairros de São Pedro, Borboleta e parte do Fábrica. Foram distribuídos em lotes de terras, encarregados de produzir gêneros alimentícios. A colônia não conseguiu se manter por muito tempo. A ausência de mercado para os produtos plantados se associava à falta de incentivos. Muitas eram as dificuldades com relação à língua, costumes, religião e início das primeiras roças. Assim, muitos colonos foram abandonando suas terras e se fixando na cidade, somando-se àqueles trabalhadores braçais, operários, ligados à Companhia União e Indústria.
Os alemães foram aos poucos se integrando às atividades urbanas, se tornaram carroceiros, sapateiros, marceneiros, operários, pedreiros etc. Deram origem a várias fábricas de cerveja, num total de oito. Os alemães, junto a outras pessoas da cidade, criaram curtumes, fundições e malharias, contribuindo, assim, para o crescimento industrial da cidade.
Breve histórico da cultura em Juiz de Fora
Os estudos até agora realizados sobre a vida cultural de Juiz de Fora revelam a existência de várias fases ao longo dos dois últimos séculos. Inicialmente, percebe-se uma cidade mais aberta. A distância dos centros barrocos, somada à prosperidade econômica, atraiu interesses mais variados. Aqui residiam católicos, protestantes, espíritas, maçons, liberais, republicanos, monarquistas... Embora houvesse conflitos entre eles, a cidade se mostrava receptiva ao debate de idéias.
Arquitetura eclética - O estilo eclético das construções permite a integração de várias manifestações arquitetônicas do passado, responsáveis por encontrarmos, na cidade, construções que lembrem castelos medievais, igrejas que imitam o gótico europeu ou a fachada de um templo grego. No final da primeira década do século XX, observa-se também construções em estilo Art Noveau, muito fácil de reconhecer graças ao uso de uma rica decoração nas fachadas das casas, onde predominam as linhas curvas, imitando fitas, flores..., demonstrando a habilidade dos trabalhadores daquele tempo e a riqueza dos moradores.
A Igreja - Na década de 20, aquele ambiente de acirrado debate de ideias se interrompe. Em 1925, a presença da Igreja Católica se tornou mais ostensiva com a criação da Diocese de Juiz de Fora. Para Pedro Nava, por exemplo, a cidade ficou mais severa, mais controladora da maneira de pensar das pessoas.
Nesta época, então, uma elite católica buscava a afirmação de sua identidade. Em Juiz de Fora , organizou-se um movimento de jovens católicos, ligado ao Centro D. Vital do Rio de Janeiro. Esse movimento, mais tarde, daria origem à Faculdade de Filosofia e Letras de Juiz de Fora. Criada nos anos 40, a Faculdade foi responsável por um fecundo debate entre os intelectuais da cidade. Embora presa a uma visão conservadora, não se importando muito com as questões sociais, nela, os filhos de classe média e elite encontraram um ambiente aberto às ideias artísticas.
Estilos Art Deco e Moderno - Nesse período, a "cara" da cidade se revestia de pó de pedra, ou seja, as construções, principalmente do centro comercial, eram influenciadas por um outro estilo arquitetônico: O Art Deco. Buscando uma maior racionalidade, esse estilo reduziu a decoração das fachadas a formas mais retas, mais geométricas. Nas fachadas, ao invés da pintura, se usou muito revestimento de pó de pedra, em tons cinza ou ferrugem.
Mas a grande mudança em nossa arquitetura se deu a partir do centenário da cidade. Começaram a surgir, na década de 50, algumas construções que seguiam concepções modernas, com o emprego de muito vidro, coluna, linha reta: a funcionalidade do prédio para as pessoas que iriam utilizá-lo, era mais importante que a decoração de fachadas. Exemplos deste processo são as obras do arquiteto Niemeyer (projetista do prédio na montagem ao lado, o "Clube Juiz de Fora") e os pintores Di Cavalcanti e Portinari (autor do painel ao fundo da montagem, "As Quatro Estações"). Esses nomes deixaram sua marca na cidade, incentivando os artistas locais a utilizarem uma linguagem moderna.
O antigo conservadorismo católico, que desde meados da década de 20 dominava a cidade, se desfez. Maior circulação de ideias, possibilitando, inclusive, a resistência cultural por parte do movimento estudantil na década de 70. Nesse momento vários grupos de teatro surgiram, música e poemas multiplicaram-se nos mimeógrafos. O Cine-Clube e a Galeria de Arte Celina permitiram aos jovens o conhecimento de uma arte que falava mais diretamente da liberdade e do "caos" da vida urbana.
Com o aumento da população, a especulação imobiliária, que sempre esteve presente no crescimento da cidade, motivou uma arquitetura "descuidada". Em nome do baixo custo de produção, edificaram-se verdadeiros "caixotes". Os prédios de importância histórica, foram em grande parte destruídos em nome de um progresso questionável, uma vez que a maioria da população dele não participa.
Nos últimos anos, observamos uma preocupação maior com o patrimônio histórico da cidade. Vários prédios importantes foram tombados graças ao envolvimento afetivo da população em defesa do seu passado. Esse cuidado com a nossa memória não está restrito às obras arquitetônicas. Está também presente na preservação de outros vestígios do passado, como os documentos escritos, as fotografias, objetos...
Outro breve Histórico sobre a origem da cidade*
"...[Nos últimos anos do século XVIII, e nas primeiras décadas do século XIX, (...) o café, introduzido por Palheta no Vale do Paraíba Fluminense e logo estendido ao Vale do Paraíba Paulista e Mineiro, alastrou-se como mancha de óleo no mar, por todo o Vale do Rio Paraíba do Sul. Aqui começa oficialmente a História da Região das Matas do Leste. Seus povoados agrícolas iniciam a escalada para se tornarem vilas e sedes de Município.
Tal escalada deveu-se, também, à abertura do Caminho Novo por Garcia Dias Paes. O Caminho Novo, que ligava a Corte ao centro da Região das Minas [, ... foi] um braço significativo do avanço da 'mancha de óleo' no Vale do Rio Paraíba do Sul. [... Este caminho] passava ao longo de trechos das margens do rio Paraibuna, afluente do rio Paraíba do Sul.
A atual cidade de Juiz de Fora teve sua origem em povoados agrícolas às margens do rio Paraibuna, situados ao longo do traçado do Caminho Novo. Os antigos habitantes desses povoados agrícolas têm o direito de afirmar que Juiz de Fora se originou no Caminho Novo ...
Entre os povoados que aí se desenvolveram, o primeiro de que se tem notícia é o povoado do Morro da Boiada, dedicado à proteção de Sto. Antônio de Pádua. Juiz de Fora chamou-se, originalmente, Sto. Antônio do Morro da Boiada do Paraibuna [,...] conhecida como Arraial de Sto. Antônio do Paraibuna.
Desde que se formaram os vários povoados agrícolas da Região das Matas do Leste, o governo do Rio de Janeiro, cuja jurisdição estendia-se até o centro da Região das Minas, fez doações de sesmarias a seus funcionários e agregados imediatos. Na região em que hoje se situa Juiz de Fora, o governo ... doou uma sesmaria a José Antônio, secretário do governo. Esse sesmeiro jamais veio localizar sua sesmaria e dela, portanto, não tomou posse efetiva. Mas, como juridicamente lhe pertencia, vendeu-a a Bustamante e Sá, aposentado da carreira jurídica no cargo de Juiz de Fora**.
Bustamante e Sá viveu com sua família na Fazenda Velha, demolida nos anos quarenta deste século. Em torno do casario da fazenda Velha formara-se um povoado com algumas vendas.
Os moradores dos povoados próximos ao Caminho Novo ... iam ali fazer compras ... Ao irem às compras, essas pessoas diziam ir ao Juiz de Fora. Impõe-se a tradição oral de toda essa região: os vários povoados passaram a ser chamados de Sto. Antônio do Paraibuna do Juiz de Fora.
Fernando Henrique Guilherme Halfeld, velho engenheiro, alemão de nascimento, recebeu do Império do Brasil, em 1836, o encargo de abrir uma variante do Caminho Novo, que então ...[reunia,] às suas margens, os vários povos da região, em um grande processo de sinecismo. Foi graças a esse sinecismo que a população de Sto. Antônio do Paraibuna de Juiz de Fora foi, em 1850, levada á Vila, e logo após, à sede de Município."
* Extraído de: BOTTI, Carlos Alberto Hargreaves (1994). Companhia Mineira de Eletricidade. Companhia Energética de Minas Gerais, Centro de Pesquisas Sociais, UFJF, pp. 19-20. Este texto está no Anuário Estatístico de Juiz de Fora de 2004** Segundo se pode apurar, o cargo jurÍdico de Juiz de Fora foi trazido para as colônias americanas pelos colonizadores portugueses e espanhóis. A tradição ibérica assimilou essa função jurídica dos mouros, invasores da Península Ibérica, durante a Idade Média Ocidental. Os árabes, por sua vez, tomaram esse cargo jurídico das antigas Alexandrias [ ...onde] Alexandre, O Grande, ... institui essa função para que o juiz das Alexandrias, morando fora da comunidade urbana, pudesse julgar com isenção de pessoa.
Fonte: Livro "Juiz de Fora: Vivendo a História", da professora e pesquisadora da UFJF Mônica Ribeiro de Oliveira/ Outro Histórico é de Carlos Alberto Hargreaves Botti (1994), extraído da Companhia Mineira de Eletricidade. Companhia Energética de Minas Gerais, Centro de Pesquisas Sociais, UFJF, pp. 19-20/ Anuário 2004
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VISTA AÉREA
A bandeira foi concebida com um propósito de simplicidade. Apenas as faixas com as cores constantes do escudo, menos o ouro e o negro. É descrita assim: "Cinco faixas de três alturas diferentes, composta com as cores que se destacam no brasão de armas do Município: azul, vermelho, verde e branco. A primeira, de quatro módulos, em azul; a segunda, de um módulo, em branco; a terceira, de três módulos, em vermelho, carregada, ao centro, de um triângulo equilátero de dois módulos, em branco; a quarta, de um módulo, de branco; a quinta, de quatro módulos, de verde.
A explicação, ou interpretação é a seguinte: "As cores, com as respectivas significações heráldicas, representam, inclusive, os diferentes povos que entraram na composição étnica do Município e contribuíram , cada um ao seu modo, para a formação e o desenvolvimento social de Juiz de Fora: portugueses, indígenas, negros, italianos, alemães, sírios e libaneses. Figuram elas nas bandeiras das nações referidas, exceto das indígenas, que não as tinham e que são representadas na bandeira pelo vermelho. O triângulo é o da bandeira do estado de Minas Gerais e evoca a Inconfidência Mineira, um de cujos participantes - o Dr. Domingos Vidal Barbosa - era, ao tempo da conjuração, morador na fazenda do juiz de fora". É uma bandeira de composição original.
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BRASÃO
Escudo português cortado em três faixas horizontais. A parte superior, dividida em três colunas, formando três campos; à esquerda, em um fundo vermelho, um gibão bandeirante de ouro; ao centro, em um fundo azul, o monumento ao Cristo Redentor, de ouro; à direita, em um fundo vermelho, o símbolo da Justiça, de ouro. Na parte média, em campo verde, uma diligência, puxada por um cavalo, ambos de prata. Na parte inferior do campo em azul, um rio de prata ondado de negro, e acima deste, uma faísca de prata. Como suportes, dois ramos de café frutados, nas suas cores. Abaixo do escudo, listel em vermelho com a divisa "Pro Patria et Urbe" e as datas 1701-1850, de prata. Em cima do escudo, a coroa mural de prata, com cinco torres, que é a cidade.
O escudo português é predominante na Heráldica (ciência que estuda os brasões) de domínio no Brasil.
O gibão do bandeirante, vestimenta típica dos bandeirantes paulistas, era uma espécie de casaco de couro, às vezes acolchoado de algodão, com o que ficava reforçado como uma couraça para proteger contra flechadas. É peça heráldica figurante em grande número de brasões paulistas, mineiros e matogrossenses, sempre a evocar a passagem do bandeirante como desbravador ou civilizador. A existência de Juiz de Fora está ligada a abertura do Caminho Novo pelos bandeirantes Garcia Rodrigues Paes e Domingos Rodrigues da Fonseca pelos motivos já referidos.
O monumento ao Cristo Redentor é antigo símbolo da cidade e já figurava nos brasões anteriores a evocar o sentido cristão de nossa civilização.
O símbolo da Justiça - um gládio batalhante sobreposto a uma balança - evoca o juiz de fora, de cujo cargo se tirou o nome da cidade.
A diligência simboliza a Cia. União e Indústria, fundada por Mariano Procópio, empreendimento que teve profundas consequências na vida de Juiz de Fora e de toda região percorrida pela estrada por ela construída. Incentivou o comércio com o Rio de Janeiro, ativou a produção agrária do Município, introduziu os colonos alemães, desenvolveu a cidade e deu-lhe prestígio. A iniciativa de Mariano Procópio marca a primeira fase importante da História local: a agrária e a mercantil.
O rio ondulado de negro é o Paraibuna - cujo nome significa, segundo A. Nascentes, "rio imprestável e escuro", ou negro: pará + iwa + una. Sua importância principia quando Garcia Rodrigues Paes toma seu curso como roteiro do Caminho Novo. Ao longo de seu trajeto, construiram-se a estrada União e Indústria e a ferrovia que veio a chamar-se Central do Brasil. O Paraibuna foi como que o guia do desbravamento desta região. Depois, ao mesmo tempo que serve à cidade como fator de saneamento, tornou-se fonte de riqueza e de progresso, alimentando as turbinas da Cia. Mineira de Eletricidade.
A faísca sobre o rio evoca o pioneirismo de Bernardo Mascarenhas e da Cia. Mineira de Eletricidade, que introduziram na cidade a primeira usina hidrelétrica da América do Sul, ponto de partida para a transformação da sociedade agrária e comercial a sociedade fabril. A Cia. Mineira de Eletricidade inaugurou, assim, a segunda fase da História sócio-econômica de Juiz de Fora: a industrial.
Os suportes do escudo - ramos de café frutados - evocam aquela economia cafeeira, que justificou a União Indústria e, por esta estimulada, afeiçoou a sociedade juizforana até o advento da indústria.
No listel, as datas 1701 e 1850 recordam, respectivamente, o início da abertura do Caminho Novo e a criação do Município.
A coroa mural, com 5 torres aparentes, simboliza a categoria política de Juiz de Fora - a cidade.
As cores e sua significação
As cores têm significações heráldicas próprias. Verde é renovação e esperança; azul é alegria, saber e lealdade; vermelho é grandeza, coragem e valor; ouro (amarelo) é justiça, fé e constância; prata (branco) é beleza, pureza e vitória.
No caso particular de Juiz de Fora, as cores representarão também os diversos elementos étnicos que integram a população: verde - ouro - vermelho, portugueses; verde - branco - vermelho, italianos, sírios e libaneses; vermelho - negro, alemães; verde e negro, o elemento africano (20 bandeiras dos novos Estados africanos têm o verde em sua composição); vermelho, o indígena.
Assim, sem excessos nem fantasias, o novo brasão conta a história de Juiz de Fora, fixando-lhe o que mais a caracterizou, sem individualizar em demasia. Antes, procura, através de símbolos apropriados, realçar empreendimentos em vez de focalizar pessoalmente o empreendedor. Nada de grande é feito, na sociedade, pelo homem só. Esta ideia orientou a feitura do brasão. A História é obra de muitos.
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